quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Lendas: Incêndios Sinistros

      Terceiro episódio de "Cachoeira do Sul: Lendas e Mistérios", série do blog dedicada a trazer relatos misteriosos dos mais de 200 anos  desta cidade. O tema de hoje é uma notícia que circulou na cidade a respeito de um fogo paranormal.

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    Em 2014, incêndios misteriosos foram noticiados pela mídia local de Cachoeira do Sul. Existem rumores de que em um casa no centro de Cachoeira do Sul, na esquina das ruas Andrade Neves e Liberato Salzano, já ocorreram noves incêndios consecutivos sem nenhuma explicação. De acordo com reportagem da Rádio Fadango, uma emissora da cidade, um padre, que preferiu se manter anônimo, destacou a falta de lógica em uma flor de plástico simplesmente pegar fogo do nada. Além do mais, recomendou que se trouxesse um padre parapsicólogo para investigar o ocorrido.

    Capitão Lunardi, do Corpo de Bombeiros, também foi solicitado pelos jornalistas para falar sobre o caso. De acordo com o mesmo, este é um fenômeno anormal. O Corpo de Bombeiros informa que não é possível constatar se a origem do fogo se deu por  curto circuito, gás ou outro motivo.

    Atualmente, a casa se encontra desabitada.

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Fonte:

https://lobogotico7.wordpress.com/2015/12/31/o-fogo-misterioso-em-cachoeira-do-sul-rs/

https://www.revistalinda.com.br/secoes/12/2149


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quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Lendas: O Fim de Cachoeira do Sul

     Segundo episódio de "Cachoeira do Sul: Lendas e Mistérios", série do blog dedicada a trazer relatos misteriosos dos mais de 200 anos  desta cidade. O tema de hoje é a Lenda das Sangas da Inês e da Micaela. Uma típica estória de apocalipse, comum no folclore de várias cidades.

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Fonte: Jornal do Povo

    Não é nenhuma novidade dizer-se que cada cidade, cada lugarejo, cada sítio tem suas lendas: umas verdadeiramente interessantes e poéticas outras despidas destes requisitos, revelando crendices mais ou menos bárbaras dos primitivos povoadores desses lugares.

    Esta que vamos contar, ou melhor, dizer como no-la contaram, está muito longe de pertencer à classe da lenda de Psiquê e de tantas outras que fazem “o encanto de quem as lê”, ou dos que as ouvem da voz da tradição. Esta, dizemos, é uma lenda essencialmente rústica, que nada mais pode despertar senão o sabor de ouvir o relato das coisas passadas.

    O nosso interlocutor – não importa saber-lhe o nome – é naturalmente uma pessoa antiga, amante de coisas antigas. E vem daí o reter ele (ou ela) na memória o que dizem, desde os tempos idos, dessas duas sangas que, lançando-se no Jacuí, limitam, pelos lados Leste e Oeste, a colina em que atualmente se estende a cidade da Cachoeira.

    Ouçamos a narração:

    “Ali entre a Bica e o rancho onde residiu e morreu o velhinho João Rabequista que, quando não pôde mais pescar saía a tocar uma velha rabeca para ganhar a vida, era o ranchinho da Inês, viúva, segundo dizem, de um português em cuja companhia viveu por dilatado tempo numa constante e bem compreendida harmonia, descontados apenas alguns bate-bocas terminados em pontapés. Mas como tudo neste mundo tem um fim, mais hoje, mais amanhã, o seu velho, homem mais robusto e ativo agenciador da vida, apareceu um belo dia atacado de uma doença esquisita, a modos que enfeitiçado; e não houve remédios caseiros nem benzeduras que impedissem o seu Manoel entrar a definhar a olhos vistos, até que uma noite quatro velinhas bruxuleantes iluminaram-lhe o caminho da posteridade.

    Ninguém pôde explicar, senão pelo feitiço, a natureza da moléstia que o matara, ainda os mais entendidos na arte de curar daquele tempo.

    De sua junção com a preta Inês não ficou prole; e isto acrescentou sobremodo a desolação da pobre que, só e abandonada, deixou-se tomar de grande acabrunhamento; e então, às horas sombrias carpia suas mágoas, divagando pelas margens da sanga que, a esse tempo, eram revestidas de árvores, não contando algumas clareiras resultantes dos caminhos abertos pelos moradores do sítio e das devastações dos lenhadores.

    Um dia, já ao escurecer, Inês sentara-se ao portal de seu velho rancho, e, pensando no passado, recordava-se que antes do seu homem enfermar e bater asas para o outro mundo notara, diversas vezes que, no silêncio da noite, uma coruja muito grande, muito grande, pousava sobre tocos carcomidos em derredor do rancho e soltava pios agourentos e lúgubres.

    E assim absorta e passando em revista na mente doentia todos os fatos que pudessem explicar a causa do desandar de sua sorte, ouviu uma voz saída das sombras, que assim dizia:

    - Não se apoquente, siá Inês; nesta vida não valem tristezas; o que vale é a gente saber d’onde veio o mal e tratar de dar-lhe remédio. Olhe, o seu homem não era nenhum santo, e foi por isso mesmo que a sirigaita da Micaela deu-lhe as coisas ruins para beber de que veio a enfermar e morrer.

    E uma sombra passou-lhe diante dos olhos, sumindo-se na treva.

    A pobre criatura tomou-se de tal pavor que nada mais fez que recolher-se para o interior do casebre, passando, porém, a noite em claro, atormentada pela revelação misteriosa da qual resultava uma amarga desilusão e uma funda irritação contra Micaela.

    - Mas, quem era essa Micaela?

    - Pouco abaixo do lugar que se conhece por Santa Josefa – continuou a narração – existiu antigamente um casinha à margem esquerda da sanga situada ao lado Leste da cidade, que muita gente conheceu habitada por uma cabocla, - dizem que de muita figura, a quem davam o nome de Micaela, cuja vida era cercada de certo mistério e cheia de acidentes. Daí é que vem o nome de Sanga da Micaela, da mesma forma que Inês deu o nome à outra.

    Mas como ia dizendo, Inês, extremamente abalada por aquela noite mal passada, resolveu, logo ao amanhecer, ir à Aldeia, onde decerto colheria explicações sobre o que lhe acontecera; e sucedeu que ali chegando não faltou quem não estranhasse a sua cegueira em relação aos fatos ocorridos entre Micaela e seu finado companheiro, os quais ao princípio muito amigos, como todo o povo sabia, tornaram-se depois inimigos por causa de umas coisas que se meteram na cabeça da cabocla que, por sinal, era bem boa bisca.

    Desde essa manhã a boca da Inês incendiou-se contra Micaela, da qual, daí em diante pôs todos os podres na rua, os que tinha e mais ainda os que não tinha.

    Sabedora disso, a cabocla pagou-se na mesma moeda. Finalmente, sempre que se avistavam era um bate-boca interminável! Certo dia, pegaram-se à unha com tanto encarniçamento que, se não apartassem, estrangular-se-iam uma à outra.

    Passaram os tempos; mas como ódio velho não cansa, à medida que o tempo corria mais se azedavam aquelas rivalidades.

    Assim passaram os anos até que Inês, muito velhinha e já quase em estado de fantasma, veio uma noite a falecer perto da Bica, praguejando até ao seu último alento contra sua odienta inimiga. Pouco lhe sobreviveu a cabocla, morrendo também em estado de extrema pobreza e abandono.

    Toda esta história vem para dizer, meu senhor, que após o desaparecimento dessas duas mulheres, entraram a aparecer as almas delas quase todas as noites nas respectivas sangas, viradas em fantasmas, empenhadas ambas no trabalho de, com as unhas, solaparem as terras das margens – cujas terras as enxurradas andam levando para o rio desde aquele tempo até agora.


Sanga da Inês

    Parece que com isto as sangas querem se encontrar para se devorarem mutuamente, continuando a vontade dos seres extintos.

    Como se vê, a sanga da Inês, que começava da Bica e era muito estreita, está num socavão imenso e já está no ponto de tragar a volta da estrada do Seringa, ao mesmo tempo que vai avançando para o dorso da colina onde, daí a pouco, as casas da cidade se precipitarão ao abismo que a alma da Inês está cavando a seus pés.

    Pelo outro lado, a da Micaela vai fazendo a sua tarefa, talvez com maior empenho. Haja vista o que ela tem feito pela altura do Lava-pés. Não há paredões de pedra que bastem a obstar as deslocações das terras corroídas pelas unhas da Bruxa.

    Se a engenharia se descuidar, a cidade será igualmente arrastada ao abismo também por esse lado.

    Por isso é que o povo diz que quando as sangas se encontrarem, a Cachoeira se acabará.

“Das Crônicas”

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    A crônica foi retirada da edição 976 do extinto jornal O Commercio, publicada em 14 de agosto de 1918. O texto foi expirado em uma antiga lenda existente desde meados do século XIX, e baseada em uma pessoa real. A Inês, citada na estória, residia (foto ao lado) próximo a sanga que leva seu nome, ao mesmo desde 1820. Quanto à Micaela, não há registro de sua existência. Sendo assim, fica o questionamento sobre o quanto desta lenda é real.



Fontes/ Sugestões de Leituras:

https://www.jornaldopovo.net/noticia/A-lenda-das-sangas-de-Cachoeira-agnh

https://historiadecachoeiradosul.blogspot.com/2016/01/a-lenda-das-sangas-da-ines-e-da-micaela.html


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quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Lendas: O Fantasma da Criança Errante

     Primeiro episódio de "Cachoeira do Sul: Lendas e Mistérios", série do blog dedicada a trazer relatos misteriosos dos mais de 200 anos  desta cidade. O tema de hoje é a Casa de Cultura Paulo Salzano Vieira da Cunha, localizada na rua Sete de Setembro, e os acontecimentos que rondam esta edificação.

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    Ao longo de sua história, o prédio foi sede de diversas associações diferentes, mas seu objetivo inicial era ser a residência do ilustre Dr. Balthazar de Bem. Mesmo nos dias autais, mantém seu estilo luxuoso, marca do desejo de ser um pequeno palácio da importante família cachoeirense. Concluída em 1917, foi utilizada por apenas sete anos. O motivo? Talvez uma suposta maldição naquele terreno...ou quem sabe na própria cidade. 
    Afinal, é de conhecimento (e indignação) da população local, que Cachoeira deveria ter sido um importante município do Rio Grande do Sul. Nos tempos de outrora, foi o principal reduto da região central do estado, atingindo seu ápice econômico na primeira metade do século XX. Mas algo ocorreu no meio do caminho. Após décadas de glamour das elites, trazido pelo sucesso agrícola, especialmente n oque se refere ao arroz, uma onda de tragédias e fracassos acometeu a indústria local. A peste de gafanhotos na década de 1930, a enchente de 1941, entre outros tantos acontecimentos inexplicáveis.
    Não foi diferente para a família de uma das figuras mais relevantes da história da cidade. Em 1924, a filha mais velha de Marina e Balthzar veio a falecer. Não se sabe a razão do obito, mas o que se tem certo é que eles se mudaram para um imóvel nos fundos do terreno, de frente para a rua Saldanho Marinho. Porém, naquele mesmo ano, o doutor também viria a falecer, levando ao restante da família a se mudar definitivamente para Porto Alegre, deixando a isolada e misteriosa Cachoeira para trás.

Dr. Balthazar de Bem e sua família

    Um século se decorreu e muitos proprietários passaram pela edificação. Ao longo destes anos, inúmeros relatos de pessoas que trabalharam no local falam de aparições de uma suposta criança, vagando pelos corredores. Trata-se uma pré-adolescente, de laço na cabeça e roupas típicas dos primórdios do século. Tal visão é acompanhada de sons de piano e livros que amanhecem jogados ao chão. Seria a filha de Balthazar de Bem? Estaria presa à sua antiga moradia, assim como Cachoeira do Sul está presa a um passado de glórias que jamais retornará?

    Seja como for, a primeira parte da história é comprovada por documentos, com s data da mudança sendo próxima a da perda, embora não se saiba se este foi ao certo o motivo de a família ter saído da antiga residência. Como curiosidade, existe uma rara foto da família reunida, em que aparece uma criança com um grande laço na cabeça, tal qual relato nas lendas fantasmagóricas. O mistério permanece....

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    Postagem baseada em texto publicado na versão digital do Jornal do Povo, na seção "Blog do Mistério", disponível em "https://www.jornaldopovo.net/noticia/uma-historia-de-misterio-em-cachoeira-do-sul"

Outras fontes:
http://historiadecachoeiradosul.blogspot.com
http://www.museucachoeira.com.br
http://arquivohistoricodecachoeiradosul.blogspot.com

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quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Cachoeira do Sul: uma cidade misteriosa

    Fundada há mais de 200 anos, Cachoeira do Sul, cidade localizada no frio extremo sul do país, carrega consigo uma longa história. E sendo um assentamento tão antigo (o quinto do estado), inegavelmente possui mistérios e lendas. Muitos dos quais, jamais encontrarão respostas, pois estas já se perderam com o tempo. Assim como, as águas do Jacuí também hão de carregar as memóriasde de todos os que vivem ou  viveram nesta cidade.


    Esta, é a primeira postagem da série: Cachoeira do Sul - Lendas e Mistérios. A cada semana, um relato diferente, cuja veracidade cabe ao julgo do leitor, acreditar ou não nestas palavras.




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