quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Lendas: Santa Josefa (parte 2)

    Novo episódio de "Cachoeira do Sul: Lendas e Mistérios", série do blog dedicada a trazer relatos misteriosos dos mais de 200 anos  desta cidade. O tema de hoje trata de outra versão da trágica história de uma santa popular, não canonizada pela Igreja Católica.

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    Josefa era uma moça escrava, muito linda e muito religiosa, que pertencia a um rico senhor, em Cachoeira do Sul. Este vivia perseguindo a jovem negra em busca de seus amores. Pura como era, Josefa resistia a tudo, até mesmo diante das ameaças de morte que vinha recebendo.
    Um dia, o patrão enlouqueceu de desejo: botou-se na moça com toda a fúria, mas Josefa fugia e lutava em defesa de sua honra. Vai daí o patrão começou a bater nela, com socos e pontapés, até que Josefa morreu. 
    O homem então, simplesmente mandou abrir uma cova e aí enterrar a escrava virtuosa. Loucos de medo, os outros escravos cumpriram a ordem. Mas - coisa estranha! - com o passar dos dias começou a escorrer sangue do túmulo rústico de Josefa. A terra vertia sangue! Os escravos, primeiro, e outros, depois, deram em acender velas em memória da morta e diz-que o próprio patrão, com o tempo mandou erguer uma capelinha.


    Hoje, bem no centro da bela e imponente Cachoeira do Sul ergue-se a capela da Santa Josefa e atrás, no pátio dos fundos, está seu túmulo. Talvez não verta mais sangue, reconhecida que foi a sua pureza e religiosidade, mas atende os pedidos que lhes fazem milhares de crentes, que vem até de longe. Escrevem bilhetes para a Santa Negra, que deixam sobre o túmulo, apertado por um vaso ou uma pedra.
    O túmulo, mesmo, está sempre limpo e enfeitado. Ao receberem a graça pedida, os crentes colocam placas - inúmeras! no local, cheios de gratidão e fé.
Antonio Augusto Fagundes
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Fontes:
https://gracieladacunha.blogspot.com/2008/03/santa-josefa.html
https://librumsite.wordpress.com/2016/06/16/josefa-uma-historia-de-fe/

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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Lendas: Santa Josefa (parte 1)

   Oitavo episódio de "Cachoeira do Sul: Lendas e Mistérios", série do blog dedicada a trazer relatos misteriosos dos mais de 200 anos  desta cidade. O tema de hoje trata da trágica história de uma santa popular, não canonizada pela Igreja Católica. Abaixo, se encontra uma das versões da lenda.

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    Era a santa dessa raça votada ao sofrimento e à miséria, que o grilhão da cor acorrentara ao cáucaso da ignomínia. Negra e escrava. Eram-lhe condições sobejas de martírio, se lhe não fora a vida perene dor.

    Uma lenda, vagamente sabida, quase esbrumada nos tempos, destaca-a do fundo escuro do passado, com resplandores iriados de santidade. Sofreu muito e o povo canonizou-a. Não teve no cemitério santo um lugar, ou na obscuridade da vala comum um canto; mas ali, junto da cidade, quase dominando-a do alto, cercam-na todas as noites dezenas de velas, erguem-se, de redor de seu túmulo, as plangências litúrgicas das ladainhas na vocação religiosa daquela alma de santa que lá nos céus, piedosa e meiga, estende para Deus os braços impetrando graças divinas.

    Santa Josefa é um símbolo. Entrou na crendice popular nessa época terrivelmente bárbara em que o azorrague (açoite) do feitor abria, na noite profunda da epiderme negra, relâmpagos faiscantes de sangue.

    O martírio deu-lhe santidade. E através de quase um século de adoração, hoje como outrora, todas as noites, os terços intencionais, sob a pálida chama tremulante das velas, sobem de ao pé dela, nas litanias (ladainhas) sagradas de um fervor cultual.

    Contam-se os milagres. O túmulo que cerca a nesga de terra em que seu corpo jaz, e o penhor de satisfeita promessa. Graça nenhuma se lhe pede que a santa piedosamente não venha socorrer. É perante Deus a intermediária do povo. Não só da massa alheia de crendices e superstições, mas até dos cultos, a quem não nega o cumprimento de votos impetrados. Pois há até quem, de longes léguas, mande buscar o sebo das velas que alumiam a Santa, o qual é infalível para reumatismos...

    Quantas vezes na meninice não desfiei padres-nossos junto às gradezinhas do túmulo em que a Santa dorme?

    Venerava-a, sem conhecê-la. Era uma negra que ficou santa, diziam. A lenda feita em torno de seu martírio e de sua morte era e é quase desconhecida.

    Adoram-na pela simples razão de que três gerações já a cultuaram.

    Sua história é simples.

    Josefa era escrava de um tal Costa que morava à Rua Moron, onde reside a família do finado Júlio Rosa. Seu senhor, homem mau, de uma perversidade sem nome, levava dia e noite a maltratá-la.

    Não satisfeito já com as contínuas vergalhadas que marcavam o corpo da infeliz, em uma sexta-feira de Senhor Morto, Costa mandou que ela fizesse uma tachada de sabão. Pronta, não ficando a tachada a seu gosto, atirou-a dentro, queimando-se Josefa horrivelmente. Salvou-se por milagre e quando se pode levantar, em uma das vigas do quarto em que dormia, enforcou-se. Os suicidas não podiam ser enterrados no campo santo e Josefa o foi no local onde hoje se acha o seu túmulo.

    Passados anos um cão, cavando a terra em que ela fora sepultada, descobriu-lhe um braço. Estava mumificado. Corre a notícia célere. O povo acode. É o milagre. A terra não comera as carnes da infeliz: até a terra lhe negava o supremo consolo de consumir-lhe os ossos!

    O povo santificou-a. E ela vem até nós, há quase um século, trazida pela crença onisciente do povo, o seu santificador. As gerações têm passado sobre ela, respeitando-a e venerando-a.

    É para nós, que não temos a ventura de crer, uma tradição simbólica da terra. E amamo-la porque ela será, quando a cidade remodelada e modernizada arrasar os últimos vestígios do passado, o refúgio da tradição cachoeirense, a ara (altar) velha do templo em ruínas do passado em que iremos comungar com essa raça forte, afetiva e infeliz que terá naquele túmulo o pedestal de seu martírio.

    O município acaba de comprar o terreno em que está o túmulo da “Santa Josefa”, a fim de abrir ali avenidas amplas e modernas. Façamos nós, o povo que zelamos tradições, que cremos na “Santa Josefa” uma subscrição popular para erigir-lhe uma modesta capela, de que seja a padroeira a verdadeira Santa Josefa (já que a Igreja não admite a nossa), conservando porém, no fundo dessa capela, aquele pequeno túmulo, com a sua doce simplicidade primitiva de santuário.

João da Ega

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    Texto retirado da edição de 16 de novembro de 1911 do Jornal Rio Grande.

Fontes:

https://historiadecachoeiradosul.blogspot.com/2014/10/santa-josefa-nascimento-da-lenda.html


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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

O Outro Lado

    Pessoas estranhas, lugares estranhos, situações estranhas. Tudo tão estranho e familiar ao mesmo tempo. Como se tudo aquilo já tivesse ocorrido. Um eterno déjà vu.

    A propósito, temos um novo vídeo no nosso canal: "O Outro Lado". Um curta sobre uma garota que desperta em uma sala de aula, sem se lembrar como foi parar lá, ou o que ocorreu antes. Confira:



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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Oi, meu nome é Samara

 

    Copypastas, para quem não sabe, são mensagens repassadas de pessoa para pessoa. Correntes de e-mails assustadores são um bom exemplo de copypasta. Eram comuns nos primórdios da internet, quando viam geralmente acompanhadas de imagens assustadoras. Uma das mais populares dos anos 2000 foi a corrente da Samara, publicada pela primeira vez em 2007 no Orkut. Segue abaixo uma reprodução da mesma:

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    “Oi, meu nome é Samara, tenho 14 anos (teria se estivesse viva), morri aos 13 em Cascavel-PR. Eu andava de bicicleta, quando não pude desviar de um arame farpado. O pior foi que o dono do lote não quis me ajudar, riu bastante de mim. Após agonizar por 2 horas enroscada no arame, eu faleci. Através dessa mensagem eu peço com que façam com que eu possa descansar em paz. Envie isso para 20 comunidades e minha alma estará sendo salva por você e pelos outros 20 que receberão. Caso não repasse essa mensagem, vou visitar lhe hoje à noite, assim você poderá conhecer o tal arame bem de pertinho.

    Dia 15 de julho, Mariana resolver rir dessa mensagem, uma noite depois ela sumiu sem deixar vestígios. O mesmo aconteceu com Karen, dia 18 de outubro. Não quebre essa corrente, por favor. A não ser que queira sentir a minha presença.”


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    Obviamente esta “lenda” não possui nada de verídico. Entretanto, serve como uma reflexão de uma época mais simples, quando as pessoas tinham medo deste tipo de mensagem. Uma época onde a internet era mais misteriosa....

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